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A ciência ainda pode ajudar a gestão?

  • Foto do escritor: Pedro Sanches
    Pedro Sanches
  • 25 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 29 de nov. de 2020

Diversos gestores têm falhado em usar a ciência a seu favor, constantemente ouvimos críticas sobre o limiar entre as propostas teóricas acadêmicas e a realidade prática complexa do dia a dia. Então fica a questão, como a ciência pode te ajudar na gestão? Por que a teoria do caos é uma resposta contemporânea à abordagem clássica Taylorista predominante no Brasil?


Em 1911, Frederick Taylor realizou sua publicação mais marcante, a obra intitulada como "Os princípios de administração científica", que provocou uma revolução no que tange a gestão empresarial no mundo todo. Inspirado por conceitos da própria física como a termodinâmica e a mecânica clássica, Taylor acreditava que sistemas produtivos também poderiam obter máxima eficiência se devidamente controlados.



Sua primeira proposta foi priorizar a ciência ante os julgamentos e decisões do próprio trabalhador. As atividades administrativas e o compartilhamento de informações vitais do negócios deveriam ser delegadas e compartilhadas apenas entre cargos mais altos. Tais gestores deveriam observar os processos com o objetivo de determinar ineficiências, testar possibilidades, prever cenários e elaborar soluções, algo bem parecido com a visão ainda predominante de gestão brasileira


Taylor foi o primeiro a instituir a chamada cronoanálise (tempos e métodos) na produção, sua visão revolucionou a capacidade produtiva durante a primeira guerra mundial e abriu espaço para estudos futuros, contudo, sua visão refletia um pensamento do século XIX , aplicável em cenários de menor complexidade, logo, pode-se dizer que Taylor desenvolveu uma abordagem compatível com as organizações sua época



Atualmente, a globalização e o mundo digital têm derrubado barreiras de entrada nos mercados locais e globais. Os negócios estão cada vez mais complexos, envolvendo cadeias de suprimentos, diversos stakeholders, concorrentes, regulamentações, etc

A simples observação de eventos e restrição de algumas variáveis não são mais suficientes para prever cenários, tampouco amparar a criação de soluções eficazes, por quê?



Simplesmente porque a visão, tanto de Taylor quanto da física pré século XX, consideravam os eventos naturais como algo determinístico, o que cai por terra posteriormente com a relatividade, a física das subpartículas e a estatística. A aleatoriedade é a real governante da natureza, como proposto pela teoria do caos. Quando a computação permitiu o surgimento dos primeiros modelos meteorológicos, observou-se que qualquer dado, por menor que seja, pode causar uma mudança assombrosa no resultado final, "o bater de asas de uma borboleta pode gerar um furacão no outro lado do mundo"



Tanto a natureza quanto o mundo dos negócios estão repletos destas "borboletas", interferências tão mínimas e discretas que se tornam impossíveis de detectar ou prever com a abordagem Taylorista, um ou poucos gestores provavelmente se sentirão sobrecarregados com a quantidade absurda de informações geradas por cada evento dentro das organizações.

Certo, então como lidar com essa infinidade de variáveis?



Modelos caóticos não significam modelos despadronizados, do mesmo jeito que é difícil prever exatamente o tempo (chuva, sol, etc), entretanto, é possível estimar com qual probabilidade ele irá ocorrer (65% de chuva hoje). A abordagem para nos aproximarmos desses padrões deve ser diferente, em vez de de dividir os problemas em partes menores e tentar analisar as partes independentemente, como a abordagem Taylorista, pode-se tentar compreender como o padrão emerge como fruto das interações do sistema como um todo.



Pense em um formigueiro, formigas unitariamente são vulneráveis, mas o sistema em si cria uma divisão social de castas extremamente complexa, com soldados, operários, etc. Um neurônio por si só não exerce atividade funcional relevante, porém , a união de bilhões deles e a maneira na qual se relacionam formam as estruturas complexas relativas à individualidade e a mente humana. A ação de pequenos indivíduos em conjunto é que gera o resultado final, assim como uma empresa. Um funcionário por si só não move uma organização, agora, a interação entre todos os elementos humanos no negócio cria todos os produtos finais incríveis que observamos no mundo contemporâneo.



Modelos autônomos geralmente têm um sucesso muito maior, isso implica que as empresas devem dar cada vez mais autonomia para seus funcionários, dividindo-os entre pequenos grupos autônomos ou semi-autônomos, para que estes gerem respostas elaboradas baseadas na convergência de ideias e percepções de pequenos problemas particulares, permitindo um pensamento flexível e rapidamente adaptável aos feedbacks externos e internos, ao contrário da concentração de poder de poucos gestores.



Os avanços da ciência propõem novos modelos gerenciais de autogestão, que facilitam a compreensão sistemática dos problemas que permeiam a operação, pequenas ações locais descentralizadas tendem a melhorar o aprendizado geral no longo prazo, tais como grandes empresas como o Subway, Johnson & Johnson, Kraft Foods, etc




A ciência pode e deve ajudar a gestão, claramente, tais mudanças receberão certa resistência da velha administração, todavia, com o passar do tempo, nos tornamos mais compreensivos sobre o mundo, restando uma única barreira frente a mudança iminente, o nosso medo do desconhecido

Releitura sobre o texto "Is management still a science" de David H. Freedman (https://hbr.org/1992/11/is-management-still-a-science)

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